Tá.
Ela odeia barata.
Odeia olhar uma barata e imaginar onde aquelas perninhas cabeludas andaram antes de estar alí na sua frente... ou o barulho que essas mesmas perninhas fazem numa sacola de supermercado...
Odeia olhar o suco que sai de dentro dela quando esmagadas por chinelos...
Odeia observar as anteninhas se mexendo...
Enfim.
Mas esses dias ela teve uma esperiência bem bacana de vingança com uma barata.
É que no dia que a mana maior foi viajar pra visitar a mana do meio, ela, sabadão, trabalhou pra burro de manhã, passou a tarde na casa do Anjo... chega em casa e encontra uma BARATA em seu quarto!!
E bem encima de uma roupa da cadeira!!
Foi demais.
Ela pegou a roupa com uma das mãos, sacudiu fazendo a barata cair no chão e, com a outra mão já munida de chinelo tacou na barata!
Não sabemos se foi azar dela ou sorte da barata, ou talvês falta de costume dela, ou ainda medo, pavor e nojo, ou mais ainda tudo junto, a barata deu um vôo e se escondeu de trás do guarda-roupas...
Pensamento antes de dormir: "Amanhã você não me escapa".
...
Mal o dia havia começado, ela tomou seu café e pegou as coisas pra limpar o quarto.
Começando pelo cantinho, bilú, os livros, espelho, sapateira... depois separou as roupas sujas e as roupas supostamente pisoteadas pela barata... depois tirou os dois violões de baixo da cama, a cestinha, as caixas de bagunçinhas...
Empurou a cama, varreu, passou pano com sabão, depois outro com água e depois uns dois secos...
Quando estava bem sequinho, ela deitou no chão (?????) Passados uns instantes ela olha pra debaixo de sua cama... quem está lá??
Sim.
Ela mesma. Com suas patinhas cabeludas e anteninhas se movendo para todos os lados!!
Foi muito rápido. Se levantou, tirou os ursinhos, cobertores e travesseiros de cima da cama e depois o colchão e, só então pôde vê-la melhor.
Prontamente com a vassoura nas mãos, ela deu uma grande bancada nela, só a miserável barata deu um pulo e saiu voando pela janela!!
Pense na raiva que ela ficou??
Terminou de arrumar o quarto, trocou os lençois e fronhas, ajeitou os ursinhos e foi fazer outras coisas.
E o pensamento daquela barata sumiu.
...
Os dias se passaram e ela havia mesmo esquecido daquele episódio.
Até que num belo dia, ela assim que entrou em seu quarto escutou um barulinho... e pouco tempo depois lá veio ela...
Só que dessa vez não houve sorte para ela.
A mira do chinelo foi perfeita.
Ao levar a mesma pra fora com a vassoura, existia nela dois sentimentos.
O primeiro é de vitória, de vingança.
A outra de dúvida. Seria essa a barata do outro dia?
Ela preferiu crer que sim...