terça-feira, 25 de novembro de 2008

... ela têve um ato insano XI

A manhã seguinte começou chuvosa...
Assim como o seu humor.
E sua aula foi debaixo de chuva. Uma nova modalidade. Garagem. Era a sua maior facilidade. De fato...
Voltou pra casa atual na chuva e antes que lhe desse vontade de fazer outra coisa ela entrou na Internet.
É incrível o impacto que tem as suas frases de seu MSN... E mais uma vez foi indagada pela atual. O que tinha de mais? Só estava chateada... E só! Precisava agora antes de se sentir assim mandar um memorando? Anunciar no diário oficial? Mandar uma carta ou coisa assim? Era só um sentimento... E como os vários que ela sente, não foi compreendido por aquele com quem ela mais acredita que a conheça...
Sua tarde passou feito uma bala. Não tinha ao certo quando entrou ali. Só sabe dizer a hora que uma estranha sensação a tomou... E junto dela, a imagem de um amigo doente... Precisava de notícias.
Era estranha a sensação, mas ela sabia exatamente quando a sentia... Era em determinados momentos. Principalmente depois dos sonhos... Sem pensar meia vez ela ligou pra ele pra pegar o telefone de uma amiga em comum... A pergunta do outro lado não tinha resposta: “Você está bem?”. Não sabia dizer...
Ao ligar para a amiga uma sensação de calor por dentro. Era tristeza...
E antes que soubesse discernir o que sentiu, lá estava outra vez, a sentindo mesma sensação, só que dessa vez ela viu a sua mãe...
E ligou pra ela. Aparentemente tudo certo. Aparentemente...
Aquele que ia buscá-la no serviço não pode ir... E ela se foi na carona de uma outra amiga.
Ao dobrar a esquina da casa atual, ela percebe uma movimentação estranha de frente. O que seria isso? E antes que pudesse reagir seja como fosse, um dos seus vizinhos foi até ela e lhe disse pra ter calma...
Mas calma de quê?
A notícia que sucederia era assustadora. Sua mãe havia passado mal e seu irmão havia saído a pouco pra levá-la ao hospital. Seria possível? Estaria acontecendo de fato? Aquilo tudo era real?
Só sabia chorar... E em meio ao choro se lembrou das pessoas com quem ela sabia que podia contar. E enviou uma mensagem pra os seus. De imediato recebeu ligações retornando.
Ela só chorava... Ainda ficou um bom tempo de frente a sua casa sentada na calçada depois da ligação do último...
E cumpriu o que havia prometido. Entrou – depois de muito – se banhou e ficou em seu quarto rezando e esperando noticias. O telefone carregando...
Quando sua mãe chegou, era uma mistura de alívio com medo. Mas tudo resolvido. Graças a Deus, é claro.
E ela se deitou. Antes – já havia feito – mas nunca é demais, ela rezou em silencio... E chorou...
Seria um sinal? Um momento para se fechar naquilo que estava acontecendo? Em tudo que estava sentindo e passando? Deveria ela se interiorizar?
Poderia ela ver como sinal de alguma coisa?
Um último pensamento surgiu antes de adormecer:
“Seu nome significa FORTE E PODEROSA. Medite... Tudo a ver com o seu nome...”.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

...ela têve um ato insano X

Na manhã seguinte estava tão lerda quanto os outros dias.
Podia o Kaká passar do teu lado que ela não perceberia... E por falar nele, ela colocou a camisa do Milan. Acha lindo...
E lá foi ela, se atirando ao mundo...
Já dentro do ônibus – lotado – ela percebe um rosto conhecido.
Ele...
Seria possível?
Saberia explicar em palavras a sensação que teve? O sentimento que havia brotado em seu coração? Teria coragem de olhar os olhos?
Não teve...
Trocaram poucas palavras... Bem poucas. E só.
Sua atenção sempre na janela. Suas palavras eram mais respostas...
Não sabia o que dizer. Não sabia como se comportar. Estava sendo polida? Precisa estar? Teria que estar? Seria assim dali pra frente?
Naquele dia o percurso foi diferente... Estava mais segura, porém ainda lerda... Seria a camisa?
Ao voltar, passou na casa atual e foi pra casa de uma outra amiga.
Configurar ATA’s, SofthPhones, celulares e Internet ela estava habituada, mas ao chegar no destino, ela se deparou com algo diferente... Uma WebCam.
Mexeu em tudo. Desinstalou, reinstalou. Reiniciou. Tirou cabo.
No fim precisava testar...
A quem recorrer? Quem estaria online pra ajudar e que não se negaria?
Ele...
Teria feito certo? Poderia ter esperado outra pessoa ficar online? Pareceu pretexto pra falar com ele? Foi certo o que fez?
Não conseguiu olhar nos olhos mas teve coragem de pedir um favor...
Que espécie de ser humano estava se tornando?
Ele só pode ter um coração bondoso...
Ao contrário, ela faria o mesmo? Será que seu coração já está completamente negro?
A sensação de êxito é maravilhosa. E foi super bacana ver que haviam conseguido!
O pagamento?
Um almoço com direito a franguinho com pequi...
No serviço, nenhuma novidade.
A tarde demorou a passar, mas a noite foi super rápida...
Um convite do outro lado do MSN: “Posso ir te buscar amanhã?”.
A resposta – se não fosse a própria a responder – foi mais rápida que o esperado. “Pode sim! Eu vou levar o carro?”.
Sim, havia feito uma promessa. Mas será que havia razão para a mesma existir?
Na volta, uma chuva branda caia sobre si. Se arrependeu de não ter vestido o casaco... Pensamentos vagueando...
Quando estaria em seu refúgio?
Naquela noite o cansaço a tomou...
O sono chegou logo.
Não se sabe ao certo o que foi que sonhou... Um homem jogando futebol... O Kaká já jogou no São Paulo num já!?

...ela têve um ato insano IX

O dia seguinte amanheceu bem depressa.
E foi o mais difícil de levantar.
Sua cama, seu cobertor a ‘lamberam’ até onde puderam.
Se banhou pra espantar o sono – embora seu corpo já não mais sentisse tanta diferença – e saiu.
Naquela manhã, ela foi aos extremos dos sentimentos.
Numa hora ela queria bater em alguém no outro queria abraço. Sentia vontade de ir e de voltar...
Na chuva, ela se deixou levar.
Teve medo de encontrar pessoas conhecidas e percebeu que tinha encontrado um amigo, além de um instrutor.
Ele foi o primeiro a perceber que algo estava errado.
Primeiro brincou com a ‘cara de travesseiro’ que estava naquela manhã. Chegou até a chamá-la de lerda...
Depois reparou no olhar distante...
Mas ela teve coragem de contar apenas um de seus problemas. Havia convencido? Pareceu que sim...
Naquela manhã os dois rodaram a cidade procurando aluguel.
E ela percebeu que sua maior dificuldade era quebra-molas... Enquanto passava por eles, quebrava a cabeça com pensamentos tolos...
Como diz o ditado: “Cabeça vazia, prato cheio pro capeta”.
Naquela manhã ela foi pra casa de seu amigo...
Precisava conversar... E chorar também...
Precisava de colo.
E foi mais que uma conversa. Foi mais que um abraço. Foi bem mais...
“Senhor por mais que eu fale que eu não tenho medo de caminhar, bate uma insegurança pois sou ser humano com defeitos e imperfeito. Mas sei que os teus olhos estão sobre mim a me vigiar. Mas quero ouvir tua voz me dizendo ‘não temas! estou com contigo, só confia em mim...’ Eu sei que não estou só. Pois sinto tua presença em mim. Eu sei que não estou só. Posso até descansar, repousar em teus braços...”.
Precisava...
Teu dia no serviço foi mais tranqüilo que o resto da semana.
Era notável a diferença...
Porém naquele dia foi o dia que mais demorou pra ir embora. E sentiu saudade de rezar o terço com os seus amigos...
Onde estariam eles naquele momento?
Estariam todos bem recolhidos no aconchego de suas casas?
Antes de dormir recebeu uma ligação. Uma de suas amigas. E sentiu paz ao falar com ela.
Teve o teu violão como refúgio novamente...
“Pois eu sei que jamais eu provado serei além do que eu possa suportar. E se ainda eu cair e pensar que é o fim, Jesus me ergue e segue junto a mim...”.
Será que dormiu?
Ao fundo... Gol. Do Brasil...

... ela têve um ato insano VIII

O dia seguinte começou e ela nem sabia quando o ontem havia terminado.
Quantas noites a mais seriam necessárias passar em claro?
Naquela manhã foi diferente.
A aula foi tensa. Lá estava ela indo pra rua...
Liga o carro. Engata a primeira. Solta o freio de mão e solta a embreagem bem devagar balanceando com o acelerador.
Fácil?
Imagine quando tem um ônibus 512 atrás dando luz alta...
Porque as pessoas são assim?
Depois da aula ela foi pra casa. Passou antes da padaria. Não se lembrava mais o gosto de pão de sal e leite com Nescau... É verdade quando falam que damos valor somente ao que perdemos. Uma coisa tão banal, que tinha certo costume, muitas vezes até rejeitava, hoje dá saudade.
O corpo pede...
Foi pra uma lan perto de sua casa e lá percebeu mais uma estupidez humana... Qual seria a sensação de chutar um cachorro morto? Qual seria a sensação de atacar alguém? E porque se sentiu tão mal por isso?
Frases de MSN... o que elas poderiam dizer ou fazer?
A sensação maior de todas era chateação, mas vinha misturada com raiva, e junto, tristeza...
Foi trabalhar naquele dia com o coração que cabia na palma da mão de tão pequeno. Uma angústia isolada em apenas uma parte de seu corpo. Chegando perto de onde trabalha, ela sente seu celular tocar dentro da bolsa. Ela recebeu uma ligação de um amigo que haviam brigado a uns dias atrás. Mas a voz do outro lado era doce... Era um pedido de perdão...
“Quando eu me toquei que tinha brigado com uma das pessoas mais importantes da minha vida... Você é minha princesa... Me perdoe...”.
Chorou...
Estava sozinha. Sabia disso. Tinha certeza disso...
Não podia dar ao luxo de brigar com um dos seus. Precisava deles...
Aquele dia talvez tenha sido o mais difícil desde então... A cabeça longe... Planos, desejos, sonhos... Tudo girava.
E ela ali...
Uma música passava pela cabeça:
“Os sonhos que não alcanço, eu me pergunto por que Deus não quis? Mas sei que ele vê mais longe e ele sabe o que é bom pra mim... (...) Lágrimas doem pra valer, mas sempre há de prevalecer toda a vontade do Senhor, presente em minha vida...”.
Foi pra casa numa sensação de casulo. Teu corpo estava preso. Tua alma. Teu espírito. Tocou em seu violão por horas naquela noite. Seu telefone não tocou. E nem ela ligou pra ninguém...
Saudades... De pessoas, de coisas, de situações...
Que sentimento mais sem propósito. As vezes é gostoso mas sempre doloroso. Nunca temos o direito de escolher quando queremos sentir e nem quando parar de sentir...
Sentiu vontade de não mais viver... Como fazer? Pensou. E nada veio a sua cabeça... Seria falta de idéias ou de capacidade?
Que tipo de ser humano é esse que nem a própria vida tem o poder e capacidade de tirar? Seria tão mais fácil. Pra todos... Pra ela...
E dormiu... Ou não...
Não se sabe ao certo...

...ela têve um ato insano VII

Naquela manhã ela acordou com uma visão diferente das coisas... E têve medo do que sentiu...
Se banhou para espantar o sono que ainda era forte e saiu... Já era dia amanhecido, mas não havia ninguém na rua. Um rosto conhecido dentro do ônibus e uma ligação... Uma voz familiar e muito querida do outro lado... Um convite... Aceito, é claro.
E lá foi ela...
Embreagem, seta, freio e acelerador.
Não se saiu tão mal assim...
Na volta, a visita...
Como sempre, muito bem recebida. Uma sensação estranha a ocorria o tempo todo... Parecia que aquilo já havia acontecido... Tudo que foi escutado ou falado. Tudo...
Dejàvú...
Será que estava tão explícito em seu olhar o que estava acontecendo? Ao que ouviu, era fácil perceber que nada andava bem...
Saindo de lá, a sensação maior era de tristeza. Seria um sinal do que o líder havia lhe dito outro dia?
Desceu direto para casa de sua amiga. Seus pensamentos eram tempestuosos...
Deu graças a Deus por ter pessoas que podia contar...
Foi pra casa atual e se arrumou pra ir trabalhar. Teria que se manter de pé. Era preciso.
E lá foi ela, sem saber qual seria o caminho a seguir...
Estava triste, se sentia triste...
Sem pensar ela pediu uma gentileza para um profissional da área. Porque de tanto descontentamento?
Não havia muito que se fazer. Era um caso clínico ainda. Nada diagnosticado... E que não poderia ser tratado com medicação devido a outra que ela tomava, do estômago...
Dicas, talvez. “Não se irrite, não se aborreça, tenha calma, faça coisas que gosta, esteja com pessoas que gosta...”.
Depois disso, o dia passou a conta gotas. As horas demoraram a passar. Nada fazia dar o seu horário.
Sua mente estava longe dali...
Saindo de lá, ela têve um ato insano... Seria o último?
Ligou pra ele. E por um breve momento quis recuar. Quis desistir... Não podia.
E falou... E nem se lembra de quando havia falado tanto.
Uma mistura de alívio e de dor a tomou quando terminou. Uma vontade de chorar foi forte ao ouvir a resposta do outro lado...
Ainda o viu naquela noite... De longe...
Chegou em casa sem saber como. Talvez suas pernas fossem habituadas ao caminho. Devia ser.
Se banhou e deitou.
Foi inevitável não chorar...
Mas a lição já havia sido aprendida. Com choro ou sem choro, o melhor a se fazer era rezar...
E ela o fez...
Somente um pedido naquela noite...
“Faça que o ato insano de hoje tenha sido o último...”.
Não conseguiu dormir naquela noite.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

... ela têve um ato insano VI

O dia seguinte foi regado a biscoito de chocolate e violão. Muito violão...
Hoje ela o via como terapia.
No anoitecer ela se arrumou e foi a igreja. Uma chuvinha bem gostosa caia sobre ela...
Na missa, sentada bem na frente ela viu o líder pregar. O mesmo que havia pedido duas coisas para ela.
Deveria ela fazer? Resolveria o seu caso?
No fim ela se foi.
Ainda ficou sentada num banco de praça com uma de suas amigas até a chuva engrossar.
Ao chegar em sua casa atual, ainda tocou em seu violão, se despiu das roupas que estava, vestiu um pijama limpo (poderia se dar o luxo?) e se deitou.
Ainda cometeu mais um ato insano em ligar para ele.
Do outro lado ninguém atendeu...
E ela dormiu...

... ela têve um ato insano V

O dia seguinte demorou a passar...
A sensação dentro dela era de medo. Mas medo de quê?
Ao entardecer ela se encontrou com alguns de seus amigos e de lá foram decidir algumas coisas sobre o que aconteceria de noite.
Ela ainda entrou na igreja e foi direto no santíssimo...
Sua alma foi transportada para longe dali... Não sabia para onde mas sabia que não estava mais ajoelhada diante do santíssimo.
Ao sair de lá ela cometeu mais um de seus atos insanos... Ligou para ele.
Do outro lado, uma voz que era uma mistura de tristeza e de dor e ao mesmo tempo de vontade de falar.
“Não pense em seus problemas... Pense e faça o que você gosta...”
Seu coração parou.
Já nem tinha mais idéia do que gostava. Já fazia tempo que não fazia o que gostava. Se quer se lembrava do que poderia ser...
Sem mais nem menos, saiu de sua boca uma frase sem sentido – pra ela – após pensar melhor... “Posso ir aí te ver?”. Era mais que um pedido...
Caminhando entre as pessoas, um dos líderes daquele lugar a chamou pra ‘conversar’. Uma mistura de medo e felicidade tomou conta dela.
Foram vários minutos de conversa e ele a fez dois pedidos...
Como fazê-los?
Dado uma determinada hora, ela se lembra da visita combinada e sai correndo – literalmente – em direção ao destino.
Não se sabe como, mas em nenhum momento ela se quer parou eu desacelerou os passos.
Tinha razão para tanto?
Sem fôlego e sem conseguir falar, a única coisa audível foi: “Preciso de água...”.
Já sentada diante dele, pôde sentir o toque das mãos ao enxugar o suor de sua testa.
A conversa foi levada para o quarto.
Ficaram abraçados. Ela contou coisas que mais ninguém sabia.
E se beijaram...
A sensação que sentiu foi diferente da que sentiu no outro beijo...
Não se sentia mal, tão pouco arrependida, mas sim culpada. Estaria fazendo certo? Poderia fazer aquilo?
Foi embora naquela noite sozinha...
Pensamentos soltos dentro dela que subia do coração pra cabeça e se confundiam...
Nem preciso mencionar que naquela noite sonhou novamente...
Era como se já tivesse acontecido.
Ela estava com ele mas ele se escondia. Não queria que outras pessoas o vissem com ela.
Ela não têve coragem de perguntar... e ficou assim.
Ela caminhava ao lado dele e ele se escondia...
Naquela noite foi difícil não chorar...

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

...ela têve um ato insano IV

O dia amanheceu mais rápido naquela manhã...
E ela demorou mais que o de costume para se levantar. O que faria naquela manhã antes de ir ao trabalho? E se lembrou de uma visita a uma casa que poderia ser a nova. E lá foi ela... A esperança pulsava em suas veias. Quase não tocava o chão ao imaginar dando, enfim, certo.
Mas...
Não diria que estava acostumada, mas sim que estava se acostumando ao fato de não dar certo. Triste ela volta para a casa atual... Seria predestinada a estar onde está? Não seria então vontade de Deus? O seria apenas azar?
Quem saberia explicar a ela? Uma sensação de vazio ecoou em seu peito. Ninguém...
Ainda ficou deitada no chão de seu quarto. A visão do teto fixa.
Demorou pra chegar a hora de ir... Seria castigo?
Naquele dia ao sair de casa, ela têve que usar o guarda-chuva novo... A chuva estava forte... E ela se foi.
Seu dia foi bem tranqüilo... Se não fosse o encontro com um dos envolvidos pelo MSN... Seria uma breve conversa se não fossem as ofensas vinda dele. Ela, que não tolera nenhum tipo de desaforo, foi logo expondo as criticas. Irritados os dois discutiram...
Deveria ter acontecido isso? Poderia ela ter tratado daquela forma?
Medo... Somente medo...
Faltando pouco para ir embora ela encontra ele online. Não puderam se falar mas escutou um pedido que ligasse para ele ‘mais tarde’.
Nesse mesmo instante ela conversava com um outro rapaz... Ele é carismático, divertido, ‘um doce!’ como ela mesmo o descreve...
Ao descer a rampa de onde trabalha lá estava este rapaz. No mais íntimo dela, a sensação, embora mais evidente fosse o medo, ela sentiu também alegria... Poderia ter sentido isso? Deveria...?
E lá se foram...
Num determinado lugar, ele, inconsciente – ela o achou – parou o carro e deixou que ela o levasse...
A sensação que têve era de poder... Poder e felicidade... Estava enfim fazendo o que gostava. E como fazia tempo que não fazia!
Chegando em frente a sua casa atual, ela ficou dentro do carro com ele...
Estaria fazendo certo?
Ao se despedirem, um beijo – no rosto – e uma promessa de se verem denovo...
Adentrou a casa, se banhou e se deitou.
Mais uma vez o teto de seu quarto fixo...
Já era tarde naquela noite e ela ainda não conseguia dormir... O que ela não fez que atrazava seu sono e a deixava com um frio no estômago...
Derrepente surge em sua mente a imagem dele... Meu Deus... Não liguei como havia prometido e já é tarde...
Deveria ela ter ligado?
Naquela noite ela demorou a dormir... Nem sabe ao certo quando foi que conseguiu...

sábado, 15 de novembro de 2008

... ela têve um ato insano III

O dia mal havia começado e lá estava ela se arrumando pra sair.
Terninho passado. Camisa branca. Pulseira. Sombra rosa. Salto... Pronto!
Lá foi ela pra sua batalha. Nunca parou pra pensar em quantos leões mata por dia... Será que deveria?
Entre as suas obrigações normais, naquele dia ela teria que passar por uma prova... Perante a lei e a justiça dos homens pela primeira vez na vida, ela, uma jovem garota se viu num corredor marron de um prédio no centro de sua cidade aguardando o momento em que seria interrogada por um desconhecido sobre coisas do passado e que já havia passado pelo tempo e pelo perdão de seu coração.
Ao escutar o seu nome, ela têve um solavanco... Parecia que estava sendo puxada para cima pelo umbigo. “Meu Deus!” Pensou. “O que vai acontecer agora?”.
Precisava ter escrito o termo de compromisso em dizer somente a verdade?
Certa vez ouviu dizer que ser Cínica não é ofensa... O ser humano cínico é aquele capaz de dizer a verdade olhando nos olhos...
Estava sendo cínica...
Por breves momentos ela esqueceu que as causas que poderiam acarretar o seu testemunho e falava... depois parava e pensava. Estaria fazendo certo?
Ao sair de lá, ainda à porta, se deparou com uma das pessoas envolvidas...
Uma pergunta antes de prosseguir: Qual o verdadeiro sentido quando alguém se autodenomina “Cristão” mesmo?
Enfim...
Ao sair do prédio uma visão lhe ocorreu: um carro prata passando do seu lado com uma metralhadora pra fora na direção dela... Ou então uma ligação com número privado lhe ameaçando... Ou ainda uma carta anônima com pó de antraz...
Loucura? Talvez...
Se envolver com pessoas ricas, inescrupulosas sempre lhe deram medo...
A quem recorrer?
Ele...
Assustada e chorando – mas tentando ao máximo disfarçar – eles conversaram.
Bastava um carro prata passar para ela se apavorar.
Mas o outro lado da linha ela ouvia coisas que deixaram o seu coração mais tranqüilo.
“Acredite e confie em Deus...”.
Não precisaria de mais nada.
Quando se despediram foi que ela se deu conta de que estava sozinha na parada de ônibus. Seria esse o momento que estava esperando?
Pegou um ônibus deliberadamente cheio. A cabeça longe... Nem percebeu que já estava chegando no destino.
Depois de resolver o que tinha de ser resolvido, ela volta para casa atual.
O pensamento lhe passa: “Já que não irei voltar para o trabalho, vou ver pessoas importantes”.
Vestiu o primeiro moleton que viu na frente e uma bermuda jeans e, “Nossa! Fazia tempo que não vestia bermuda!”.
Uma leve chuva caía...
Chegando à casa de sua mais que amiga, em meio a conversa ela declara o maior desejo de sua alma. Receosa pois achava que sua amiga não compartilharia de suas idéias, têve um susto ao ouvir um conselho e as palavras “Nós já sabíamos, só estávamos esperando você nos contar...”.
Choraram...
Quando retornou a casa atual, se banhou e deitou em sua cama.
Frio...
Olhando as horas no celular, bastou soltar-lhe dos dedos pra ele tocar. Ele...
O que dizer, o que falar?
Depois de muita conversa ele conta coisas que a entristeceram...
E momentos depois lá estava ela dando conselhos à ele com relação a uma outra pessoa. Como pode ser isso? O sentimento está no fim? Foi esquecido o que se viveu?
No fim a frase: “Você bem que podia estar aqui...” a fez enrijecer... Queria estar lá? Poderia estar? Deveria estar...?
Acreditou ela que as últimas palavras ouvidas por ele naquela noite saíram dela. “Fica com Deus...”.
Naquela noite após desligar o telefone ela tentou dormir mas o sono demorou a chegar.
Ela pegou o terço e rezou... O único pedido em meio as lágrimas: “Protege-o...”.
No fim, dormiu...

1º premio do VIII CONCURSO LITERARIO

Antes de escrever a terceira parte, gostaria de publicar um texto maravilhoso que recebi por e-mail. Ele foi escrito pela Lady Foppa, uma peregrina de Goiás que conta sobre o caminho que percorreu até Santiago. Vale à pena ler...

...

"Não me lembro ao certo quando passei a enxergá-lo, acho que foi quando o seu aspecto rude passou a incomodar-me, precisamente em um trecho do caminho de Santiago em que fiquei com sede e sem água.Desolada eu tentava em vão buscar algumas gotas de água da garrafa que 10 km antes já havia sido bebida totalmente, quando ele surge emuma curva: Parecia tudo, menos um peregrino. A barba era grisalha e se misturava ao cabelo que parecia uma vassoura de bruxa, vestia umacamiseta velha e encardida combinando com a calça da mesma " etiqueta". Calçava um par de velhas sandálias rotas, não levava mochila, apenas um saco encardido preso as costas por cordões, usava um cajado desajeitado como ele, olhando aquela figura singular eu julguei que o último banho que ele havia tomado tinha sido com as águas do dilúvio bíblico.Diante da minha cara de desolação com a garrafa vazia na mão, o estranho tirou de dentro do saco uma garrafa com um resto de água e ofereceu-me sem nada dizer, agradeci, mas não aceitei, elesimplesmente voltou à garrafa para o saco e se foi. Bateu um arrependimento, não custava nada ter aceitado a água, maldito orgulho o meu, julguei o homem pelo aspecto, talvez a água fosse atémineral, mesmo que não fosse era água e era tudo que precisava, caminhei com sede amaldiçoando o estranho: - Sujeito mais sem iniciativa, por que ele não insistiu? Se tivesse insistido eu teriaaceitado e não estaria com a garganta trincando, odiei o estranho sujo e sem alma.Cheguei ao albergue e encontrei com Laura uma peregrina conhecida que às vezes caminhávamos juntas, era o ano de 1998 não havia muitos peregrinos no caminho e era gratificante encontrar uma amiga brasileira. Dividimos um macarrão com atum e quando entrei no aposento onde iria dormir, deparei-me com o "sujo" na cama ao lado da minha. Ele estava escrevendo e o ignorei, ( até estranhei ele saber escrever) comentei com Laura o episódio da água, falei que eu jamais colocaria minha boca numa garrafa imunda daquelas emborasoubesse que estava mentindo porque lamentei a falta daquela garrafinha. Laura deitou no beliche de cima e eu fiquei em baixo ao lado do " sujo". Antes de dar boa noite a Laura, comentei com elaque estava preocupada em dormir ao lado do " sujo", porque pelo aspecto ele deveria ter pulgas sonâmbulas que passariam para minhacama, Laura achou graça do comentário infeliz e dormiu, eu sonhei a noite toda que chovia pulgas!Levantei bem cedo peguei meu sanduíche que havia deixado na geladeira deixei outro para Laura e deixei o albergue, conferi minhas roupas para ver se tinha adquirido pulgas e conclui que as pulgas do sujo eram fiéis a ele para meu alívio.Caminhei sozinha a maior parte do tempo com chuva, alguns espanhóis passaram por mim, mas preferi seguir só. Cheguei ao próximo alberguemolhada até os sonhos, era um albergue municipal, estava aberto e não havia viva alma. Fui até um bar, comprei um bocadillo, tomei um banho reconfortante e fui escrever meu diário. Estava torcendo para chegar alguém com quem eu pudesse conversar e foi ai que ele entrou ao recinto pingando água pois o infeliz não tinha nem capa dechuva. Fez um leve aceno com a cabeça e eu respondi com um sorriso sem graça, para puxar conversa perguntei se ele sabia da minha amiga, ele apenas fez um gesto negativo com a cabeça e ignorou-me, além de sujo é mal educado pensei.Ele tomou banho ( embora continuasse com o mesmo aspecto) lavou as roupas esfarrapadas e colocou sobre uma cadeira onde improvisara umvaral. Pensei comigo: - Além de aturar o cheiro dele tenho que aturar o cheiro dessas roupas mal lavadas, estou sendo castigada, acredito que em outra encarnação eu colei chiclete na mesa da santa ceia ou atirei pedras na cruz. Dormimos em extremos do albergue e senti um alívio quando parei de respirar o mesmo ar que dividia com aquele homem mal educado que nem se quer desejou-me boa noite.Sai do albergue ainda estava bem escuro, as 10 h encontrei Laura que havia dormido em um albergue anterior, mas pegara um ônibus porqueprecisava chegar à próxima cidade antes da "siesta" para comprar uma nova capa de chuva porque a dela havia rasgado com o vento. Comenteisobre minha noite desagradável e o quanto eu estava infeliz com a presença do "sujo".O próximo albergue ficamos juntas, conhecemos alguns ciclistas Franceses eram jovens e bem humorados, tomamos vinho e fizemos juntos um cozido de batatas com carne de porco que ficou delicioso.Estávamos jantando quando o sujo adentrou ao recinto, parecia faminto como sempre, fiz um prato e ofereci a ele que para meu espanto aceitou e sorriu, enquanto conversávamos ele recolheu toda a louça e lavou cuidadosamente. Os jovens tentaram falar com ele em Inglês, Francês, Alemão, Espanhol, mas ele apenas balançava a cabeça enada respondia, e foi assim que concluímos que o além de sujo ele era mudo e deveria ser também surdo porque não se incomodava com nossos barulhos.Quando estava arrumando minha mochila, percebi que tinha uma camiseta que quase não usava, ela era bem grande e estava pesando na mochila, falei a Laura que pela manhã iria deixar a camiseta dobrada sobre as sandálias do "sujo", ele pensaria que havia sido um gesto dos ciclistas e faria um bom uso, ao menos andaria mais decente. Saímos do albergue e a camiseta ficou como regalo, meia hora de caminhada e o " sujo, surdo, mudo" passou por nós, deu um leve aceno e se foi vestido em farrapos.Falei para Laura na maior altura:- Olha que absurdo, além de sujo, surdo, mudo o infeliz ainda é orgulhoso, não aceitou o meu presente!Laura falou que eu havia feito minha parte, se ele era mal agradecido o problema era dele, que estávamos no caminho para nos tornarmos pessoas melhores e que humildade, solidariedade egenerosidade eram lições a serem aprendidas e ensinadas.Na próxima cidade, havia dois albergues e ficamos com um grupo de Espanhóis que faziam trechos do caminho nos finais de semana, eram gentis, simpáticos e acolhedores, havia no grupo um casal que tinha vivido algum tempo no Brasil, falarem português conosco e mataram saudades. O sujo, surdo, mudo, orgulhoso não apareceu e eucomentei com Laura que estava aliviada sem e presença desagradável da figura, mas disfarcadamente eu guardei uma sobra da janta nageladeira caso ele aparecesse, mas não apareceu!No albergue seguinte encontramos novamente com nossos amigos Espanhóis e foi uma alegria. O " coitado do sujo " apareceu, mas ficou alheio ao grupo escrevendo no seu canto, tive pena dele,parecia tão só dentro dele que tive ímpetos de dar lhe um abraço, comentei com Laura minha vontade e ela incentivou-me a fazê-lo, atédei dois passos em direção ao coitado, mas depois voltei e falei para Laura:- Melhor não Laura, seguramente aquela barba e aqueles cabelos tem pulgas...Ficamos olhando para o coitado e rindo, ele nos olhou e riu também, o bobo!Após a nossa euforia, fui conferir meu dinheiro e percebi que só tinha alguns trocados, eu havia me esquecido de retirar dinheiro no banco, perguntei a Laura se poderia emprestar me 20 dólares atésegunda feira, mas ela falou que também estava com pouco dinheiro, mas que dividiríamos o pouco que tínhamos e que Santiago cuidaria para que não faltasse nada para nós. Dormi mal naquela noite,preocupada com a falta de dinheiro, acordei tarde, Laura havia saído e encontrei 20 dólares preso na fita do meu cajado, Laura havia deixado todo dinheiro dela para mim e aquele gesto levou me aslágrimas.Encontrei minha amiga em um campo de Gira sois, dei a ela um grande abraço e agradeci o gesto que ela fizera. Laura levou o maior susto e garantiu que não havia deixado dinheiro algum, foi ai que chegamos à conclusão que fora o casal de Espanhóis que moraram no Brasil os autores do milagre, eles estavam no mesmo aposento ecomo entendiam nosso idioma haviam se tornado nossos anjos salvadores. Entramos em uma igreja e rezamos por eles, esse é o caminho de Santiago pensei!No próximo albergue não encontramos o grupo, lamentei muito, gostaria de agradecê-los e pegar o endereço para ressarcir o dinheiro, pois sabia que só caminhariam até domingo.Pela primeira vez vimos peregrinos que faziam o caminho a cavalo, fiquei pensando que na verdade quem peregrinava eram os animais, não gostei e penso que o apóstolo também não acha issohonesto.Após o jantar, sai para comprar pão, presunto e queijo para fazer sanduíches que seria nosso almoço, ao invés de dois pães comprei 3 e fiz um para o sujo, surdo, mudo, coitado e bobão.Antes de dormir falei para Laura ( que saia depois de mim sempre) pegar na manhã seguinte o sanduíche que estava na porta da geladeirapara ela e o outro que estava na sacola plástica era para colocar sobre as sandálias do "sujo". Laura perguntou por que ela deveria pegar o da porta e eu respondi que o da porta tinha mais queijoestava mais recheado, e como cavalo dado não se olha os dentes, estava mais do que bom o sanduíche que havia feito para ele. Lauraachou graça, eu sorri alto, olhamos para o "sujo" que escrevia e pela primeira vez ele sorriu para nós, era um sorriso amigo, como quem sorri com a boca, com os olhos e com a alma, fiquei com tantaculpa que quando saí, deixei meu sanduíche feito no capricho para ele e pequei o outro, ao comer senti que aquele era sem dúvida o melhor sanduíche da minha vida!No alto de uma montanha fiz uma avaliação do meu caminho e conclui que havia me tornado uma pessoa melhor, me senti como um diamante que após alguns cortes consegue refletir mais luz, ocaminho havia caminhado dentro de mim, moldado meu espírito, esvaziado minha alma de mágoas e antigos rancores, eu estava mais leve, estava feliz e estava imersa na paz, havia me transformado em paz.Fazia dois dias que não víamos o peregrino estranho, mais um dia de caminhada e chegaríamos a Santiago, senti um remorso por não ter pedido que escrevesse o nome dele para eu saber como me referir a ele, eu havia sido horrível com o pobre coitado, nem uma foto havia feito ao lado dele e ele havia sido parte do meu caminho, cheguei a Santiago com essa culpa.Após todas as emoções que marcaram minha chegada a casa do Apóstolo e consequentemente a minha vida, eu e Laura fomos comemorarem um bar que tem mesas na calçada.E foi ai que observei um senhor muito distinto, de boné, óculos de sol, falando ao celular como se estivesse extremamente feliz, o estranho é que ele estava vestido minha camiseta onde estava escrito o nome do meu estado e do meu país, eu a reconheceria entre centenas, porque eu havia mandado bordar: CAMINHO DE SANTIAGO- GOIÁS-BRASIL.O homem era português e eu entendia perfeitamente o que ele dizia, fiquei com vontade de perguntar onde ele havia conseguido a camiseta, Laura aconselhou-me a não fazer isso, poderia causar constrangimento ao senhor distinto. A cerveja sufocava-me, não descia pela garganta, não gosto de coisas mal resolvidas, estava angustiada e não parava de olhar para o homem que falava o tempo todo ao celular nos ignorando, em dado momento ele parou de falar, caminhouem nossa direção parou a minha frente, olhou-me nos olhos e disse:- Bem peregrina, com o caminho concluído terminou meu voto de silêncio, quero que saibas que o sanduíche estava delicioso e muitobem recheado, como podes ver eu apreciei o presente que estou vestindo, não tenho pulgas, estou de banho tomado e gostaria de receber aquele abraço que ficou a dever-me alguns dias atrás.Foi o abraço mais aconchegante da minha vida, rimos muito quando ele falou:- Após o sujo, mudo, surdo, orgulhoso e bobão acrescente VICTOR MANUEL!Tornamos-nos grandes amigos, tiramos fotos, visitamos igrejas, jantamos juntos e trocamos emoções como velhos companheiros dejornada.Acompanhamos Victor Manuel até o aeroporto onde nos despedimos, quando ele estava entrando na sala de embarque lembrei do dinheiroe gritei!- Hei Victor, e os 20 dólares? Preciso acertar contigo, foi você quem deixou?E ele sorrindo respondeu:
- Não, foi o Apóstolo, acerte com ele!"

... ela têve um ato insano II

O dia amanheceu e ela foi para a sua rotina diária.
O dia passou tão rápido quanto a sua chegada. Quando percebeu era hora de ir novamente para casa atual...
E então, sem aviso algum, surgiu em sua mente as imagens vividas na noite anterior e junto com elas as emoções sentidas...
Deu vontade de bis...
Seria certo? Foi certo? Deveria se sentir animada? Então porque não sentia?
...
E ela cometeu mais um ato insano...
Lá estava ela ligando novamente para ele. Poderia ela fazer isso?
Ele demorou a atender mas atendeu. Do outro lado estava a voz de um alguém cansado... Disse que estava se arrumando para sair.
Deveria ela perguntar para onde? Deveria se sentir interessada a saber?
Mas antes que dissesse algo a resposta do outro lado já havia sido dita.
Embora devesse soar como uma ameaça, nada lhe ocorreu. Ficou tranqüila e se despediu sem muitos...
E se foi...
Ela e sua amiga pelas ruas da cidades. Uma chuva branda caia em suas cabeças.
Chegando em casa ela se banhou e dormiu...
E naquela noite não houve nenhuma imagem projetada em sua mente.
Apenas dormiu.
Sem dificuldades...
...

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

... ela têve um ato insano I

... ela têve um ato insano.
Depois de 40 tentativas frustradas ao celular, ela desistiu. Foi embora para a sua casa atual... dentro dela havia um vazio. Uma sensação de impotência e desagrado dentro de si. Isso atacou a dor já inativa de seu estômago e causou uma nova na cabeça...
E lá foi ela, dentro do carro de uma amiga para casa. Do lado de fora a chuva caia branda... do lado de dentro, uma lágrima...
Com um susto que ela achou que poderia ser um devaneio, percebeu que seu celular tocava dentro de sua bolsa. Suas mãos ficaram gélidas e escorregadias. Seus lábios empalideceram ao ver quem era...
Ficou imóvel...
Seu coração batia descompassado. Quase não acreditou no que via.
Sem reação lhe surgiu um pensamento: “... bem que eu poderia não atendê-lo também...”. Mas antes que o mesmo desaparecesse de sua mente, o coração já havia pensado primeiro e antes que se desse conta de si já estava dizendo “Alô!”.
Do outro lado da linha ele apenas perguntava onde estava... Ela respondeu: “... indo pra casa...”, e ele num ar de nervoso: “... mas exatamente ONDE?”
Depois de explicar, surge um silêncio congelante do outro lado da linha até que ela escuta: “... passa aqui em casa...”. Não era um simples pedido. Era uma súplica, mas que para ela soou como uma obrigação...
Parada à porta da casa dele, a chuva já menos branda que outrora, ela o vê surgir... seus olhos não vão ao encontro dos dela, ao invés ele faz um gesto para que ela entre e fecha a porta atrás deles.
Já dentro, ele pede que ela o espere tomar banho e ela, bem aflita, atende mais um pedido...
Demorados 15 minutos – ou menos, de tão apreensiva não saberia dizer ao certo quanto tempo esperou – ele retorna a sala. Um edredom azul, o mesmo do primeiro sonho e um olhar sem emoção.
Em silêncio ele liga a TV e os dois – ainda em silêncio – deitam no sofá.
Ele, com a cabeça encostada nos seios dela e ela, com a visão completa da TV as mãos livres, que foram quase automáticas nos cabelos dele...
O silêncio têve fim quando ele contou um dos motivos de sua tristeza... Ela também se entristeceu... Queria poder fazer algo mais do que simplesmente estar ali... têve vontade de chorar...
Mas apenas o abraçou... ora com intensidade, ora com força... não sabia o que dizer. E não disse...
Carinhos foram dados da parte dele para ela e vice e versa...
E os dois adormeceram...
Ela estava sonhando. Não se lembra do que era, mas seu corpo se projetou para sua cama... era como se não estivesse mais dividindo o sofá com ele... Só foi se dar conta de onde estava num instante que ele se movimentou e ela acordou assustada... Ele ficou sem entender por alguns instantes e ainda perguntou o que era, ela não sabia explicar...
E se abraçaram...
Quando se soltaram, os dois ficaram se olhando... os olhos muito perto... narizes quase se tocavam...
Ele a enlaçava em seus braços. Ela com umas das mãos no peito dele.
Ela não conseguia tirar os olhos dos olhos dele... Queria dizer: “Meu Deus, que olho lindo!”. Mas antes que pudesse dizer algo, ele a beijou na testa, e na bochecha e por fim, bem próximo a boca...
Num susto e talvez um devaneio ela pensou: “... nossa, e agora? Somos amigos... será que pode?”. Mas antes de qualquer outro pensamento ele a beijou...
...
E no momento seguinte ele desligou a TV e os dois ficaram a se beijar... e tão somente isso. Precisaria de algo mais? Não...
E casa segundo que se passava, mas ela relaxava nos braços dele... e sentia o mesmo da outra parte.
Num pensamento íntimo e quase inaudível – e que poderia ter sido esquecido – eles perceberam que era tarde.
Desceram rumo a casa dela sem se tocarem. Somente conversas. Amigos...
A despedida, na esquina da rua dela, um abraço e um beijo – no rosto. E a pergunta que ela mais sentiu falta em escutar vindo dele: “Vai ficar bem?”. “Sim...”.
E se foi...
Pensamentos soltos dentro de sua cabeça a fizeram sonhar naquela noite.
Era um sonho escuro. Bem diferente dos que ela costuma ter...
Estava andando numa cidade, parecia com as cidades que costumamos ver em filmes americanos, onde as casas – enormes – não tem muros entre elas. Ela entra em uma delas e ouve a voz de alguém chorando... O som se intensifica quando se aproxima da escada. Ela sobe. Há um quarto com a porta aberta, mas a luz está apagada, ele é iluminado somente pela luz que vem de fora da janela.
Ela entra...
E ao entrar se depara com uma cena estranha. Existe uma caixa transparente e dentro dela... ele.
Ela vai ao encontro e não consegue abrir. E ele não pode escutar... Ela se desespera. Não sabe o que fazer...
E acorda...
Acorda em sua cama as 3hs da manhã.
Seria delírio? Seria devaneio? Até onde aconteceu de verdade?
...