sábado, 15 de novembro de 2008

... ela têve um ato insano III

O dia mal havia começado e lá estava ela se arrumando pra sair.
Terninho passado. Camisa branca. Pulseira. Sombra rosa. Salto... Pronto!
Lá foi ela pra sua batalha. Nunca parou pra pensar em quantos leões mata por dia... Será que deveria?
Entre as suas obrigações normais, naquele dia ela teria que passar por uma prova... Perante a lei e a justiça dos homens pela primeira vez na vida, ela, uma jovem garota se viu num corredor marron de um prédio no centro de sua cidade aguardando o momento em que seria interrogada por um desconhecido sobre coisas do passado e que já havia passado pelo tempo e pelo perdão de seu coração.
Ao escutar o seu nome, ela têve um solavanco... Parecia que estava sendo puxada para cima pelo umbigo. “Meu Deus!” Pensou. “O que vai acontecer agora?”.
Precisava ter escrito o termo de compromisso em dizer somente a verdade?
Certa vez ouviu dizer que ser Cínica não é ofensa... O ser humano cínico é aquele capaz de dizer a verdade olhando nos olhos...
Estava sendo cínica...
Por breves momentos ela esqueceu que as causas que poderiam acarretar o seu testemunho e falava... depois parava e pensava. Estaria fazendo certo?
Ao sair de lá, ainda à porta, se deparou com uma das pessoas envolvidas...
Uma pergunta antes de prosseguir: Qual o verdadeiro sentido quando alguém se autodenomina “Cristão” mesmo?
Enfim...
Ao sair do prédio uma visão lhe ocorreu: um carro prata passando do seu lado com uma metralhadora pra fora na direção dela... Ou então uma ligação com número privado lhe ameaçando... Ou ainda uma carta anônima com pó de antraz...
Loucura? Talvez...
Se envolver com pessoas ricas, inescrupulosas sempre lhe deram medo...
A quem recorrer?
Ele...
Assustada e chorando – mas tentando ao máximo disfarçar – eles conversaram.
Bastava um carro prata passar para ela se apavorar.
Mas o outro lado da linha ela ouvia coisas que deixaram o seu coração mais tranqüilo.
“Acredite e confie em Deus...”.
Não precisaria de mais nada.
Quando se despediram foi que ela se deu conta de que estava sozinha na parada de ônibus. Seria esse o momento que estava esperando?
Pegou um ônibus deliberadamente cheio. A cabeça longe... Nem percebeu que já estava chegando no destino.
Depois de resolver o que tinha de ser resolvido, ela volta para casa atual.
O pensamento lhe passa: “Já que não irei voltar para o trabalho, vou ver pessoas importantes”.
Vestiu o primeiro moleton que viu na frente e uma bermuda jeans e, “Nossa! Fazia tempo que não vestia bermuda!”.
Uma leve chuva caía...
Chegando à casa de sua mais que amiga, em meio a conversa ela declara o maior desejo de sua alma. Receosa pois achava que sua amiga não compartilharia de suas idéias, têve um susto ao ouvir um conselho e as palavras “Nós já sabíamos, só estávamos esperando você nos contar...”.
Choraram...
Quando retornou a casa atual, se banhou e deitou em sua cama.
Frio...
Olhando as horas no celular, bastou soltar-lhe dos dedos pra ele tocar. Ele...
O que dizer, o que falar?
Depois de muita conversa ele conta coisas que a entristeceram...
E momentos depois lá estava ela dando conselhos à ele com relação a uma outra pessoa. Como pode ser isso? O sentimento está no fim? Foi esquecido o que se viveu?
No fim a frase: “Você bem que podia estar aqui...” a fez enrijecer... Queria estar lá? Poderia estar? Deveria estar...?
Acreditou ela que as últimas palavras ouvidas por ele naquela noite saíram dela. “Fica com Deus...”.
Naquela noite após desligar o telefone ela tentou dormir mas o sono demorou a chegar.
Ela pegou o terço e rezou... O único pedido em meio as lágrimas: “Protege-o...”.
No fim, dormiu...

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