sexta-feira, 16 de julho de 2010

Só.

No dicionário:
adj. 2 gén.
adj. 2 gén.
1. Sozinho.
2. Que não tem família.
3. Único.
4. Ermo, solitário.
adv.
5. Somente, unicamente, apenas.
...
Ela se sentiu assim ontem.
Quando chegou na escola, a porta ainda estava trancada e as luzes apagadas. Sinal de quê a Dalva não virá e a Tati ainda está doente...
Ok. Abriu a escola, acendeu todas as luzes, grampeou o jornal, ligou o ar condicionado e a TV e também os computadores da recepção.
Deu bom dia pra Cida da lanchonete e pra vizinha que ela não sabe o nome da loja de manutenção e micros...
Leu seus e-mails, viu a atualização de seus amigos no orkut e foi ler alguns blogs... Daí ela se deparou com um em especial: o Sobremesa, da mana gourmet...
Não por ser da mana, mas na narrativa em questão.
Lá, ela conta que sentiu saudades de casa, que chorou enquanto corria pra um orelhão simplesmente ouvir a voz da mãe...
Só que ela teve que conter o choro... estava sozinha na escola e poderia chegar alguém...
Segurou e engoliu o choro descendo a garganta como uma bola de golfe.
Daí ela passou o dia assim... xôxa.
A manhã inteira ela olhava pro canto da tela do computador enquanto lia o livro Amanhecer pra ver se o Anjo estaria falando com ela no Gtalk... Nada.
Já era bem mais de 11hs quando ele entrou.
Conversaram sobre outras coisas que a fez esquecer a sensação de dormência na garganta onde havia passado a tal bola de golfe...
As horas se passaram e ela foi embora, na esperança de ouvir a coletânia de músicas da Antena1 que baixou, quando abriu a bolsa pra pegar o fone... cadê o fone?
A vontade de chorar voltou.
E mais uma vez ela a engoliu...
Chegando em casa, ela tomou banho e pegou um copo de suco e se deitou. Colocou o telefone embaixo do travesseiro passando as músicas da coletânia adormeceu.
Tivera sonhos estranhos.
As vezes o telefone tocava com pessoas perguntando sobre o terço de mais tarde na casa vizinha...
Já era quase 20hs quando o anjo ligou... conversaram pouco devido a bateria dela ter acabado e foi uma luta achar o carregador passando pela casa escura e sentindo ausência de barulhos (para aquela hora, já deveriam ter um monte de gente conversando, passarinhos comendo na mesa e TV's ligadas) quando no fim ela o pôs pra carregar e enfim puderam conversar.
Estava só em casa e a única coisa que ela pode se lembrar pra comentar na conversa foi o tal texto do blog...
Ela foi narrando o que havia lido e as lágrimas foram molhando seu rosto...
- Anjo, vc tá chorando? ouviu do outro lado do telefone.
Como poderia segurar mais?
E ela falou. Falou que não sabia o quanto sentiria falta, do quando é ruim querer estar perto e não poder estar, do quando faz falta certas coisas...
Das vezes em que ela chegava em casa tarde e, bastava uma pequena luz invadir o quarto pra mana 'fungar'...
Da chapinha que foi com ela...
Das vezes que ela ficava de mal humor e que todos ficavam receosos em como se comportar perto dela...
De inúmeras vezes que ela ia pra cozinha preparar com muito capricho algo realmente gostoso e sempre fazia questão de ter todos e mais alguns reunidos...
Do beicinho que ela faz quando fica envergonhada...
Do jeito desengonçado pra coisas manuais...
E de várias e várias coisas!
Ela simplesmente chorava...
Quando a conversa acabou, ela ainda participou do finalzinho do terço ao lado mas ainda sem cantar se poupando ao máximo.
A noite teve fim com uma longa conversa com a melhor-amiga em seu quarto.
Tanta coisa pra contar...
Tanta coisa pra ouvir...
Tantas lágrimas pra chorar...
Já passavam da meia-noite quando ela se deitou.
Mas o sono não veio... e ainda agora ela não sabe se foi porque dormiu de tarde ou porque pensamentos rápidos a distraíram um tempo demasiado grande...