sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

O tempo...


Por várias vezes ela tentara entender esse ser. E não conseguia.
Ela, que escutara de muitos há alguns meses atrás que esse mesmo curaria, livraria, faria esquecer e etc, etc, etc... E agora estava me contando sobre o mesmo com tanto entusiasmo...
Dizia que ele estava lhe pregando peças a alguns dias, que havia entendido que as coisas acontecem dentro dele ao contrário das que ela pensa ou quer...
Estava entusiasmada com tudo isso.
Sim, houveram planos frustrados mas ao mesmo tempo havia obtido vitórias ao longo da última semana que nem ela mesma se preparara pra tanto...
“É... certas coisas acontecem no momento certo mesmo...” – me disse ela.
Houve noites em que dormiu bem tarde mexendo em suas coisas, hoje espalhadas num canto da casa... E, a cada caixa aberta, uma nova surpresa... Uma nova emoção...
Estava se redescobrindo.
Fotos, cartas, cartões, agendas, cadernos, cifras... Para cada coisa uma estória. Para cada estória, algumas pessoas envolvidas.
Pessoas essas que estavam ainda em seu convívio, outras nem tanto e outras mais que já não os via.
Pessoas...
Mostrou-me umas provas e algumas fotos da época de escola.
E suspirou.
Época de escola revela muita da pessoa. Ou não.
Naquela época ela era uma menina normal... Ou achava que era. Pensava como algumas outras meninas, andava em grupo – que geralmente era de meninos – usava all star, falava gírias, adora a escola, mas detestava estudar, amava aula de geografia e odiava física (menos no primeiro ano, em que era apaixonada pelo professor...), matava aula pra comer esfirra e falar besteira, sempre quis ser do grêmio, mas nunca foi escolhida, queria chamar a atenção com a beleza exterior, mas era sempre o seu bom humor – ou o mal – que a fazia preterida.
Inteligente? Tem sido...
Fomos parar nas agendas.
E como ela escrevia! Fiquei abismado com a riqueza de detalhes das estórias escritas por ela. Parecia que eu estava do lado dela enquanto acontecia o fato relacionado.
Reparei em uma cinza, cheia de fotos, desenhos e papéis soltos. Era do ano de 2005.
Acabara de sair de um estágio, primeiro emprego em carteira, primeiro namorado, encontros na igreja, aulas de noite, primeira desilusão amorosa, perda de amigos, retiros tenebrosos... Tudo isso acabou por ser tornar lições. Sabia disso. Havia aprendido muito naquele ano...
Tinha uma outra agenda.
Uma verde com preto e um pouco menos de fotos, mas cheia de desenhos e papéis soltos como a outra. Era 2006.
Saíra de seu primeiro emprego em carteira e ficara um bom tempo sem trabalho. Brigas dentro de casa, tristeza repentina, cabelos loiros, igreja, empregos informais, escritório de advogados, violão, hallel... Depois disso, havia se tornado a pessoa mais apaixonada que já existiu. Folhas e folhas tentando descrever o que se passava em seu coraçãozinho...
Encontrei uma agenda diferente... Bem pequena. Sem fotos também, mas com alguns papéis e cartões soltos...
Falava de uma pessoa feliz para o mundo e triste dentro de casa. Falava de uma cristã que era bem vista, mas sem reconhecimentos. De uma garota apaixonada...
Basicamente isso. E não necessariamente nessa ordem...
Era 2007.
Desemprego, cursinho e sentimentos foram os assuntos mais relatados. Nessa agenda não caberia fotos, mas eu tenho pra mim que não era pra ter mesmo. E se tivesse eu não a reconheceria. Estava ela com o cabelo preto.
Dentro de mim eu penso que nesse ano ela mais aprendeu com relação as coisas que ela queria para o seu futuro que os passados. Aprendeu e cresceu também. Foi o ano que teve o primeiro contato com o dom – ou não – de tocar e cantar.
Deparei-me com uma agenda cor vinho. Tinha o brasão do exercito na capa. Era do ano de 2008.
Nela havia muitas fotos. Muitas. Chegou a cair quando ela a passou pra mim.
Nos primeiros relatos, um clima denso... Um emprego sem antecedentes, o fim de seu relacionamento, anemia, encontro em uma igreja diferente, revelações, medo, gastrite, 6 quilos a menos, tristeza.
Seus olhos sempre fixos ao meu enquanto lia, nesse ponto ela o desviou. Não foi o seu melhor momento, de fato. Mas foi o que mais aprendeu nem lição de vida e do que não queria em sua vida.
E cresceu um pouco mais também.
Nela, contava também de festas, boates, brigas com seus pais, trabalho exaustivo, cobranças, intrigas, corte no movimento da igreja, virada, cansaço, dores, saudades... Um novo emprego, uma nova fase, novos amigos, planos, metas, desejos, acalanto de coração...
E mais no fim, cabelos novamente loiros, ministério...
Perguntei a ela porque da quantidade de fotos. Ela voltou a me olhar nos olhos e me respondeu: “Eu precisava guardar todos os meus momentos. Tinha medo de que poderia ser o último...”.
Reparei que a maioria ela dela com seus amigos...
Mas tinha muita coisa pra olhar ainda!
A última semana foi pra isso. Relembrar o que o tempo deteriorado e descobrir novas emoções. Sentir e fazer sentir.
Seu coração estava melhor. Aprendera a ver além e não mais fazer planos.
Nas duas últimas noites foi além. Algo que antes era impossível aos seus olhos, na manhã do dia seguinte ela vislumbrou que não era mais.
Perguntei a ela o que ela sentiu.
“Tive três sensações completamente diferente entre si, só que ao mesmo tempo... A primeira é que já havia acontecido. A segunda, uma mistura de surrealismo com loucura dadaísta... E por fim, que aconteceu quando deveria ter acontecido...”.
Sua expressão era de paz. Paz e tranqüilidade.
Antes de ir embora, perguntei a ela como andava os assuntos do coração.
Ela, como anda sendo ultimamente me respondeu: “Sendo tratados com sigilo e cuidado...”. E deu uma piscada do olho direito e fez a carinha de moleca que a muito não via fazendo.
As coisas começavam a caminhar...

3 comentários:

Nobilíssimo Gêiser disse...

Olá, Liliane! Parabéns pelo blog. Sucesso e longevidade é o que eu desejo.

Visite e comece a seguir a página oficial do projeto S.U.P.R.A. Vida Secular! Está feito o convite para conhecer toda a musicalidade do meu modesto sítio.

> www.supravidasecular.blogspot.com

Desde já, agradeço por sua atenção!!!

Raffs disse...

uaaaaaau...
fiquei de cara como você escreve bem, menina! texto tão grande... devorei! xD gosto de como faz..

acho que muitas pessoas estão vivendo momentos nostálgicos, como os meus, como o desse post.

joguei quase tudo fora. relembrei muita coisa mas vi que muito tinha de ser esquecido. hoje, guardo só o que foi bom, pois as lições já foram aprendidas.

muito, muito bom texto! parabéns.. xD

Anônimo disse...

hihihihi

oi prima... sinto saudades quase doentes d vir aqui...
vi q conquistaste mais uma fã com teus textos.

Falei que eram estanhos, estranhos...

eu tava com fome de palavra...

STARVING